sexta-feira, 22 de março de 2013

Rompendo os limites

       





               Depois de ter a certeza de que pintar em um suporte de pequena dimensão não é uma opção, nem estilo, nem um exercício ou desafio e sim uma insegurança, estimulo meus alunos  a ir gradativamente aumentando  as dimensões de seus trabalhos.



               Inicialmente eles têm  a ilusão de que pintar em suportes menores seja mais fácil e rápido. Pura ilusão. Tem-se o mesmo trabalho e talvez mais dificuldades. Creio ainda ser um desafio das habilidades, de técnicas e de muita prática para  se expressar em tamanhos mínimos. Não quero dizer com isso que seja fácil pintar em grandes dimensões pois cada trabalho guarda em si as dificuldades que lhes são próprias, sejam grandes ou pequenos. Tudo é muito relativo e depende de muitos fatores para se classificar o que vai ser fácil ou não. O melhor de tudo, no lugar de se pensar se é mais fácil ou mais difícil , é experimentar. Assim quando percebo que o aluno não ousa um tamanho maior, eu o incentivo.
          Os suportes mais amplos permitem que eles rompam limites físicos, afetivos, emocionais e até sociais, uma vez que precisam negociar com seu vizinho de cavalete um espaço a mais para trabalhar. Lidar com essa  presença ampliada,  que vai chamar a tenção mesmo antes de  começar o trabalho; de ser notado quando sua vontade as vezes é de ser mais invisível do que visível, é uma luta que merece ser ganha.
             A princípio noto que o  temor de não dar conta o estremece, ele tem vontade de devolver a tela ou pedir para cortá-la em quatro telas menores... Mas vamos a diante, superando sempre a cada passo  realizado. No decorrer da pintura (desafio atrás de desafio), vamos aprendendo a enfrentar medos, a decifrar  problemas, a aproveitar positivamente "acasos" ( e não erros). Descobrimos que apesar de  fazermos uma previsão do que queremos que seja o trabalho, podemos, no meio do caminho, mudar de direção, ou acrescentar dados novos, ou mesmo mudar radicalmente o projeto.


           Sei que em um espaço mais amplo para se movimentar as mãos , os braços, o corpo todo como numa linda dança ao pintar, podemos também fazer um dança em nossa mente que se torna mais livre e autônoma para nos sentirmos mais donos de nós mesmos e do que criamos e oferecemos ao nosso meio. Nos tornamos mais conscientes de nós mesmos, ocupando um espaço considerável no lugar em que estamos, sentimos  que somos importantes, fazemos parte de um todo. Ou seja, com nossa existência a vida funciona.